MARCELA SOLLIA

A história dela começa cedo. Três anos de idade e já sabia o que queria ser. Uma cadeira de dentista, um olhar curioso e uma certeza: aquilo era para ela.

Mas saiba o que quer não tornar o caminho mais fácil. Sem ninguém na família para abrir portas, cada conquista veio com esforço dobrado. Faculdade pública. Notas impecáveis. Jornadas em clínicas populares, convênios, consultórios espalhados por várias cidades. Trabalho sem pausa, sem descanso. Até que o corpo cobriu a conta.

A dor veio como um aviso. Perder os movimentos dos braços por dias inteiros não estava nos planos. A odontologia, que um dia foi paixão, começou a se tornar dúvida.

Foi quando tudo mudou. O primeiro filho trouxe uma nova forma de enxergar a profissão. O segundo, uma nova forma de enxergar a si mesma. E a pandemia foi o empurrão final: se ela queria transformar a vida de outras mulheres, preciso começar pela própria.

Entrou no mundo da harmonização facial. Não como mais um profissional, mas como alguém que entendeu na pele o poder da mudança.

Mas tinha um problema. Ela sempre "pagou" para não aparecer. Evitou os holofotes, fugiu das câmeras, resistiu ao digital. Só que agora não dava mais para se esconder.

A confiança veio com o tempo. Aclarado também. Não bastava ser excelente no que fazia. Precisava ser vista.

E hoje, ela está aqui. Não para ser mais uma, mas para ocupar o espaço que sempre foi dela.

A pergunta é: quanto tempo você ainda vai pagar para não aparecer?